
O amor antigo vive de si mesmo...
Não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede! Nada espera...
Mas do destino vão nega a sentença...
O amor antigo tem raízes fundas,
Feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
Aquilo que foi grande e deslumbrante,
A antigo amor, porém, nunca fenece
E a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não! Ele venceu a dor,
E resplandece no seu canto obscuro,
Tanto mais velho quanto mais amor...
..Carlos Drummond de Andrade..
Postar um comentário